O viajante corporativo está de volta

Especialistas do setor já tinham alertado, lá no começo da pandemia, que as viagens corporativas seriam provavelmente o último nicho da indústria turística a se recuperar. Pois agora o viajante corporativo está finalmente de volta, ainda que em volume reduzido.

Afinal, as pessoas de todo o mundo estão com aquela “sede” por viagens e passeios causada pela pós-pandemia. Motivados a começarem a viajar com propósitos e maneiras diferentes, priorizando cada vez mais a sustentabilidade (ambiental e social) e principalmente sua saúde e bem-estar.  

O Levantamento de Viagens Corporativas (LVC) da FecomercioSP revelou alta de 290% no faturamento das atividades relacionadas às viagens corporativas somente no mês de março. São R$ 7,8 bilhões movimentados num único mês.

Fonte: HiQ Omnibees ytd jan/fev

Perfil do novo viajante corporativo

Até o final de 2024, quando eles e os millennials serão a grande maioria dos turistas de negócios, os gastos com viagens a trabalho devem chegar a US$ 1,4 trilhão por ano.

Durante a pandemia, surgiram novos comportamentos e preferências para o viajante corporativo e também um novo perfil dentro desse nicho: profissionais da Geração Z, que agora representam cerca de 40% da força de trabalho.

Trata-se de jovens que nasceram entre os anos de 1990 e 2000, que valorizam acima de tudo, as experiências e a satisfação pessoal no trabalho. Por conta disso, a tendência é que o mercado de trabalho e o de viagens passe a se moldar com o tempo.

Agora, com o avanço da vacinação e a retomada das atividades presenciais em todo o Brasil e também em diversos outros países, as viagens corporativas voltaram a ser aspecto importante nos negócios. Mesmo com os avanços do home office e das diferentes tecnologias desenvolvidas para reuniões e eventos, em muitas áreas ainda não há substituto realmente eficiente para as interações pessoais, face-to-face.

Saúde e bem-estar em primeiro lugar

Por conta da quarentena, o número de pessoas diagnosticadas com ansiedade, depressão, bournout, entre outras doenças causadas pelo longo período de estresse causada pela pandemia, aumentaram drasticamente.

Diversas pesquisas foram realizadas, como por exemplo a que foi realizada pela GWI (Global Wellness Institute), na qual aponta que as viagens de bem-estar terá um aumento de quase 21% até o ano de 2025. Seguindo a mesma linha, a Ipsos desenvolveu a pesquisa World Mental Health Day 2021, com diversos países dentre eles, o Brasil, onde os dados mostram que os brasileiros pensam muito sobre o seu bem-estar mental e físico.

Com base nisso, é evidente que o autocuidado e a prevenção ganhou muito mais atenção da sociedade, visto que as pessoas estão bem mais conscientes sobre sua própria saúde. Consequentemente, passeios e viagens se tornaram algo extremamente essencial para a saúde física e mental, fazendo que o wellness tourism se torne uma tendência para 2023.

Uma curiosidade que é bacana citar, é que a geração Z, que foi explicada anteriormente, são os que mais buscam formas para conseguirem relaxar e descansar, pensando no seu bem-estar.

Bleisure, viaje a negócios sem deixar de lado o lazer

Uma pesquisa da TRVL Lab Elo revelou que turista brasileiro de negócios faz em média duas ou três viagens nacionais a trabalho por ano. 70% gostam de conhecer lugares novos nas oportunidade de viagens corporativas, aumentando as correlações com o turismo de lazer - o chamado bleisure.

 Mas a maioria dos turistas corporativos espera viajar menos nos próximos anos, dadas todas as facilidades tecnológicas para negócios que se aperfeiçoaram desde 2020. Eles agora vêm as viagens a trabalho como privilégio e oportunidade real para crescimento profissional e pessoal. E as empresas estão de olho nisso, buscando também investir mais em treinamentos de equipe fora do ambiente de trabalho.

Veja, a seguir, quais são as principais vantagens que o bleisure oferece!

1. Maior satisfação e motivação

A ideia principal é fazer com que a viagem seja mais tranquila, para que as pessoas consigam além de trabalhar, aproveitar a viagem, a estadia no hotel / pousada / resort, ir em pontos turísticos etc.

2. Possibilidade de network

Imagine um colaborador, indo para uma viagem corporativa, uma viagem bleisure, participando de congressos, palestras, eventos, locais onde outras pessoas de outras empresas estarão presentes.

Esses momentos são importantes para a realização do networking, porque a situação já acaba sendo vantajosa para estabelecer laços com outros profissionais.

3. Aumento na produtividade

Com o crescimento da satisfação e da motivação do seu colaborador, influencia diretamente na produtividade dele, visto que ele irá viajar a trabalho, mas também vai conseguir aproveitar um pouco da estadia, do seu período de descanso.

Essa mudança demográfica associada a todas as mudanças comportamentais trazidas pela pandemia geraram novas realidades e tendências no mundo das viagens corporativos. E é preciso estar atento a todas elas para ser capaz de conquistar (e reter!) esse novo viajante de negócios.

Por exemplo, é fato que hoje a maioria dos negócios está misturada com o prazer. As viagens de bleisure não param de crescer, facilitadas por todos os avanços tecnológicos que aprendemos bem a usar nos últimos anos. Turistas corporativos cada vez mais jovens querem fazer mais do que simplesmente trabalhar durante suas atribuições fora do escritório. E viajam a negócios com mais frequência que a média nacional, embarcando uma vez a cada dois ou três meses.

Autosserviço, maior autonomia para planejar sua viagem

A tecnologia também é mais do que nunca fundamental nas viagens de negócios. Oferecer internet de qualidade nas acomodações e espaços públicos é hoje tão essencial quanto água quente no chuveiro para este perfil de viajante.  E valorizam os processos automatizados para check in, check out etc.

Outra mudança muito significativa no cenário hoteleiro é que cada vez mais viajantes corporativos estão optando por reservar diretamente suas próprias viagens, mesmo que por meios que não sejam os sugeridos pela própria empresa ou agência de viagens conveniada.

A chamada auto-reserva está em alta no setor, inclusive diretamente com hotéis e pousadas, que são realizadas nos seus próprios websites. No entanto, sem exceção, eles estão sempre em busca de políticas mais flexíveis para cancelamentos e remarcações.

Há também mais espaço para propriedades da indústria da hospitalidade que não sejam apenas grandes redes hoteleiras internacionais. A prioridade desse nicho tem sido o conforto e a facilidade para mesclar negócios e lazer. Cada vez mais viajantes a negócios estão se abrindo para opções menos convencionais de acomodação (e com maior calidez e informalidade), incluindo hotéis boutique, pousadas e até imóveis de temporada.

Gerindo corretamente o relacionamento com antigos, atuais e potenciais hóspedes, eis aí uma excelente oportunidade para fechar novos negócios.

Portanto, com base nos dados apresentados, percebe-se que os viajantes corporativos, após a normalização das atividades, se adaptaram à nova realidade, buscando novos formatos de trabalho, seja com modelo anywhere office, home office, híbrido ou presencial.

Com essa maior liberdade, o colaborador viajante terá um aumento de produtividade, visto que com essa flexibilidade proporcionada de trabalhar onde quiser, ele terá um maior foco no seu serviço e também terá o nível de estresse reduzido. Sendo bastante vantajoso para ambos os lados.

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